Brasília / DF - sexta-feira, 26 de abril de 2024

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Lua cheia de bebês

 

Mesmo sem nenhuma comprovação científica, obstetras, pais e mães verificam e vivenciam a possível influência da lua no trabalho de parto


Da Redação

 

Carlos Moura
A professora Alessandra Lucena deu à luz Isis na mudança da lua nova para a crescente: ‘‘Achava que isso era uma superstição’’
 
Os apaixonados vêem na luz da lua um estímulo a mais para a paixão, para o namoro, para o sexo. E nem imaginam que, nove meses depois, esse mesmo luar poderá apresentar mais uma de suas influências: a determinação para o nascimento do bebê. Mesmo sem haver comprovação científica que afirme a influência das fases lunares com partos, alguns médicos chegam a arriscar um palpite para o nascimento nos dias de mudança de fase e, principalmente, durante a passagem da lua cheia.

  Durante os 11 anos em que morou no interior do Amazonas, a professora brasiliense Alessandra Lucena, 32 anos, ouviu das parteiras da região que a lua influenciava na hora do parto. ‘‘Cansei de ouvir histórias de mulheres que entraram em trabalho de parto nas mudanças de lua. Muitas chegavam até a programar o nascimento dos filhos com sucesso’’, lembra.

  O que Alessandra não podia imaginar era que o nascimento de sua primeira filha, Isis, no dia 13 de setembro, coincidiria com a mudança de lua nova para crescente. Ficou ainda mais surpresa quando o médico que acompanhou sua gestação lhe avisou que o parto deveria acontecer numa mudança de lua. ‘‘Achava que isso era apenas uma superstição do Norte, e não também algo que é analisado pelos médicos’’, confessa.

  Quando Alessandra completou 38 semanas de gestação, o obstetra lhe avisou que o nascimento poderia acontecer a qualquer momento. Mas que, dentro da sua experiência, o mais provável era que ocorresse em dias de mudança de lua. Seja pela questão psicológica, seja pela influência lunar, a professora teve sinais de início de trabalho de parto no primeiro dia da lua minguante, em 30 de agosto, e da lua nova, em 7 de setembro. Isis nasceu na virada seguinte, de parto normal, no primeiro dia da lua crescente.

  De acordo com a presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de Brasília, Lucila Nagata, não há uma publicação científica na área da Medicina que comprove a influência da lua nos partos. Entretanto, muitos médicos admitem que há um número maior de nascimentos nos dias de virada ou durante a fase da lua cheia. ‘‘Comentamos isso em tom de brincadeira. Mesmo com uma grande incidência, não há como tratar o assunto com rigor por falta de comprovação’’, justifica Lucila.

  A ginecologista obstetra Vera Lúcia Favilla Coimbra, com 26 anos de formação e mais de 20 mil partos realizados, diz que não chega a usar as mudanças da lua para programar o parto das pacientes. Mas que, conforme disse, ‘‘a coincidência fala mais alto’’. Segundo ela, o seu recorde de partos foi num dia de transição de lua crescente para cheia, em 1981. Naquele plantão noturno de um hospital público, Vera fez, sozinha, 28 partos. Nos outros dias de transição, era normal fazer entre 20 e 25 partos.

  ‘‘As enfermeiras chegavam até a querer trocar o plantão, porque sabiam que teriam muito trabalho’’, lembra. Os partos nos dias fortes da lua, segundo ela, seriam mais rápidos e teriam menos necessidade de intervenção médica.

  Na tentativa de uma explicação para o fenômeno, a médica diz que, por tradição, os ciclos menstruais da mulher são contados pelo sistema do mês lunar, com apenas 28 dias. A gestação também obedece o mesmo ciclo. Em média, são contados nove ciclos da lua — e não nove meses completos —, desde a fecundação até o momento previsto do parto.

  A funcionária pública Kátia Neves, 43 anos, se recorda que o parto da filha Alexandra, 15, coincidiu com uma virada da lua minguante para a nova. Dias antes do nascimento, Katia sentiu dores e foi tranqüilizada por uma tia. ‘‘Ela disse que meu bebê só nasceria na transição da lua e que seria uma menina, por se tratar de lua nova.’’ Alexandra nasceu em 28 de março de 1987, sábado, no primeiro dia da lua nova.

 



DOMÍNIO DAS ÁGUAS

Mesmo ainda sem comprovações sobre a influência da lua sobre o nascimento de bebês, é certo que o satélite é capaz de proporcionar mudanças em elementos da Terra. Os mais visíveis dizem respeito aos elementos fluidos, como a água das marés e os ventos atmosféricos. Para esses casos, a ciência explica.

  De acordo com o astrogeofísico Leonardo Ferreira, professor do curso de Física da Universidade de Brasília, a pressão gravitacional aumenta quando o satélite está mais próximo da terra. Os efeitos, segundo ele, também são comuns nas datas de transição entre fases. ‘‘Tudo que é fluido, como os ventos e as águas, sofre alterações nessas datas. É uma força capaz de deslocar grandes quantidades de matéria, dependendo da intensidade que vier’’, explicou.

  Essa influência sobre as águas é interpretada pelos esotéricos como um domínio exercido também sobre as emoções humanas. A lua sempre foi vista como um elemento fascinante. Ela representa os movimentos cíclicos, o mistério, o inconsciente. Para o astrólogo Carlos Maltz, a energia lunar regula a vida emocional dos seres humanos. ‘‘Por isso, há associações como a do lobisomem. O mito nada mais é que a manifestação de toda uma carga emocional instintiva, liberta durante a lua cheia’’, exemplifica.

  Na astrologia, a lua rege o signo de câncer, ligado às relações familiares e à figura da mãe. Suas influências, segundo Maltz, podem ser percebidas tanto na vida dos homens como na das mulheres. Para o astrólogo, o segredo da relação entre o satélite e a hora do parto pode estar no líquido amniótico. ‘‘O ventre materno torna-se uma bolsa de água, como o nosso planeta. É natural que a lua controle esse fluxo também’’, teoriza.

 

 

Disponível em http://www2.correioweb.com.br/cw/EDICAO_20021004/vid_mat_041002_126.htm acessado em 18/06/2009.

 


 

 


Mulheres devem procurar ajuda
15/06/2003 - CORREIO BRAZILIENSE

 

Carmen de Souza e Guaíra Índia Flor
Da equipe do Correio

A mesma pesquisa do Projeto de Sexualidade da Universidade de São Paulo (USP) que mostra que mais de 50% das mulheres sofrem algum tipo de disfunção sexual traz também índices importantes que ajudam a resolver parte desse problema. De acordo com o levantamento, 58% das mulheres entendem que o consultório é o melhor lugar para expôr as angústias sexuais. E que ginecologistas e sexólogos estão prontos para ajudar a esclarecer quaisquer dúvidas. Aliás, estes profissionais costumam trabalhar em conjunto. O médico descobre se está tudo bem fisiologicamente. O terapeuta checa se o problema tem origem traumática — abuso sexual, por exemplo — ou cultural.

Algumas pacientes, no entanto, esbarram em profissionais despreparados. Ao contarem as queixas sexuais para os médicos, cerca de 20% das entrevistadas não receberam qualquer tipo de orientação. Alguns simplesmente não sabiam como ajudar, outros disseram se tratar de algo passageiro. Houve, até mesmo, aqueles que apressaram o atendimento para não ter de falar sobre o assunto.

"Os ginecologistas têm de se preparar para ajudar essas pacientes porque eles terminam vistos como uma espécie de conselheiro", afirma Lucila Nagata, presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de Brasília. "Se a cliente confia nele para falar sobre assuntos tão íntimos, ele precisa retribuir orientando-a da melhor maneira possível."

Kátia, 27, já teve vários parceiros mas nunca sentiu prazer ou dor. O sexo, para ela, é fonte apenas de ansiedade. "Queria ter vontade de fazer, mas não tenho", diz. "Me sinto mal porque sei que é normal sentir prazer, só que tenho um bloqueio."

Sempre que vai para cama, Kátia fica tensa. No fundo, ela acha tudo aquilo muito sujo. A família, da Paraíba, sempre ensinou que moça direita não fazia certas coisas. As amigas, no entanto, vivem falando das peripécias sexuais. Resultado? Kátia fica dividida e com a auto-estima baixa. "Não me sinto uma mulher completa."

O sentimento de inferioridade, aliás, é umas das principais queixas apontadas por mulheres que assumem ter algum tipo de disfunção sexual (39,2%). Em seguida, vem o medo de ter afetada a relação com o parceiro (39%) e, até mesmo, a performance no ambiente de trabalho (12,8%). Para Kátia, no entanto, a questão é sobretudo pessoal. Solteira e sem namorado, ela procurou ajuda para primeiro se descobrir. Há seis meses em tratamento, já teve coragem de se masturbar, mas ainda desconhece o tão falado orgasmo. Por isso, considera-se "frígida".

"Na minha experiência de 14 anos de consultório, percebi que não existe essa história de frigidez", afirma Lucila Nagata, presidente da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de Brasília. "Noventa e nove por cento das mulheres têm capacidade de sentir prazer." Para algumas, a chance de sentir-se "completa" embaixo dos lençóis acontece depois de uma visita ao ginecologista. É que problemas orgânicos também são capazes de interferir nos desejos femininos. Os mais comuns são infecções genitais, cistos no ovários e alterações hormonais. Mas há casos de rupturas em terminações nervosas durante o parto normal e atrofia do clitóris, também chamada de fimose feminina.

Algumas mulheres têm recorrido aos estimulantes masculinos em busca da solução de seus problemas sexuais. A alternativa chamou a atenção da equipe de pesquisadores da Pfizer, laboratório que produz o Viagra. Em uma pesquisa realizada com 202 norte-americanas eles descobriram que 57,4% das voluntárias se sentiram mais estimuladas e tiveram aumento da lubrificação vaginal ao tomarem a famosa pílula azul. Os planos da Pfizer são lançar o Viagra feminino em um ano.

"Não sei se o remédio é a melhor solução, mas acho que vai vender que nem água", diverte-se Lucila. A maioria dos especialistas alertam: os comprimidos de orgasmo femininos não podem servir de muleta. Vale mais à pena investir em uma solução duradoura, embora não imediata, como as terapias ou tratamentos ginecológicos.

Há duas semanas, Leandra, 48 anos, matriculou-se em curso de artes sensuais. Motivação? Evitar que a relação com o segundo marido caia na mesmice e curtir as coisas boas da vida. "Passei muito tempo me preocupando em trabalhar e fingir orgasmos", conta. "Hoje, cuido de mim. Posso até mesmo sentir prazer sozinha."



Evolução do prazer feminino

2 d.C. - Galeno desenvolve a mais importante teoria sobre as semelhanças na estrutura dos órgãos genitais de homens e mulheres. Ele afirmava que a mulher tinha testículos acompanhados de canais seminais iguais aos do homem, um em cada lado do útero.

1559 - Descoberta do clitóris por Readolus Colombus. O médico diz que a descoberta é a "sede do deleite das mulheres". No século 16, no entanto, o órgão não tinha um nome. Era chamado de crista, female pênis, coluna e outros termos associados ao órgão sexual masculino.

Século 17 - Jane Sharp escreve, em 1961, o livro da parteira e se refere ao clitóris como pênis feminino

Século 18 - Pierre Roussel estuda os dois corpos ovais presentes em cada lado do útero e os chama de ovário. O útero, nessa época, é encarado como principal órgão feminino. O objetivo é definir as especificidades do corpo feminino destacando a maternidade

1803 - O médico Jacques Moreau de la Sarthe, autor de A História Natural da Fêmea, vai contra Aristóteles e Galeno ao afirmar que há mais diferenças que igualdades entre homens e mulheres. Para o médico, as diferenças englobam do corpo, da alma, de aspectos físicos e morais.

Século 20 - As informações sobre sexualidade feminina variam conforme as características da época. Nas décadas de 70 e 80, momentos de explosão feminista, o clitóris ganha destaque. Nos anos 30 e 50, por exemplo, os discursos são de mulheres sem desejo e sem tesão

Fonte: "Os Mistérios do Corpo Feminino, ou as Muitas Descobertas do Clitóris", de Margareth Rago

 

Disponível em http://www.giv.org.br/noticias/noticia.php?codigo=97 acessado em 18/06/2009.

 

 

 

 

 

TV Câmara - Câmara Hoje (seg a qui 21h)

Telejornal com a cobertura dos principais acontecimentos do dia na Câmara. De segunda a quinta, às 21h, ao vivo.

 

 

 

Câmara quer regulamentar a profissão de parteira

Um projeto em tramitação na Câmara analisa a regulamentação da profissão de parteira. A lei só reconhece como profissional quem tem o certificado de treinamento em escola reconhecida pelo governo federal. Mas, em muitas regiões do país, as parteiras tradicionais são a única opção das gestantes. Mesmo nos grandes centros há mulheres que preferem o trabalho delas, no chamado parto humanitário.

Repórter : Ariadne Oliveira

Créditos :

Claudilene Pereira (grávida de 6 meses)
Silvéria dos Santos (Professora de enfermagem e parteira)
Dep. Fátima Bezerra (PT-RN)
Edite Maria da Silva (parteira)
Lucila Nagata (Ginecologista e obstetra conselho regional de medicina)

Reprodução autorizada mediante citação da TV Câmara